Michael Biberstein nasceu em Solothurn, na Suíça. Durante os seus anos de formação em História da Arte no Swarthmore College (Pensilvânia - EUA), Biberstein passou um importante semestre junto do escritor e crítico de arte Britânico David Sylvester, que o encorajou a dedicar-se à prática artística de modo a aprofundar as importantes questões que o animavam. Determinante para a carreira do artista foi também o encontro com a obra de Mark Rothko, que particularmente o marcou.
A carreira artística de Michael Biberstein inicia-se nos anos 70 com um processo de desconstrução da Pintura, enquadrado nas premissas da arte conceptual. Esta exploração leva-o a desenvolver a partir dos anos 80, primeiro na Suíça e logo a seguir em Portugal, um trabalho em torno da Paisagem como dimensão histórica, metodológica e estética. Tendo chegado ao nosso país no final dos anos 70, foi aqui que o artista criou, primeiro no Penedo, em Sintra, e mais tarde no Alentejo (onde viveu grande parte dos quase 40 anos passados em Portugal), a atmosfera propícia à sua prática da pintura.
Interessado pela pintura de paisagem no pré-Romantismo e no Romantismo - e pela obra de pintores como Claude-Joseph Vernet e Caspar Wolf - Biberstein realiza uma reflexão aprofundada sobre o espaço pictórico paisagístico e sobre o modo como este é afectado pelo conceito do Sublime e pela ideia que lhe é inerente de exprimir o inexprimível. A sua pintura suscita no espectador um sentimento complexo ligado a um face a face com o incomensurável e à possibilidade de suspensão do espírito activo. A este respeito, e a propósito de possíveis conexões com a arte oriental, o artista refere :
"(...) o que me interessa mais na pintura oriental é o sossego. A pintura oriental afasta o pintor, mas também o espectador, de si próprio de uma maneira completamente diferente da pintura europeia. É isso, pois. É um entendimento filosófico da pintura." (2)
A pintura de Biberstein incita-nos à demora, a uma verdadeira alteração do regime temporal da visão. Construída a partir da paciente justaposição de finas camadas de tinta acrílica, estas pinturas convidam-nos a entrar no "campo alargado" da Paisagem, por entre melodias, meditação e Astrofísica (a que fazem referência muitos dos títulos das suas obras).
Um projecto especial animava Michael Biberstein no momento em que nos deixou: a pintura do tecto inacabado da Igreja de Santa Isabel, em Lisboa. Este projecto foi realizado postumamente e pode hoje ser admirado graças ao generoso apoio de mecenas privados e institucionais, bem como de inúmeras pessoas que permitiram completar este último gesto do pintor.