Manuela Marques

"Tenho, sem dúvida, a sensação de que a imagem já existe antes do momento do clique. A imagem é, para mim, anterior à sua materialização diante da lente. Acredito, de fato, que carregamos uma paisagem dentro de nós antes que ela se revele diante de nossos olhos."
Manuela Marques é uma fotógrafa reconhecida internacionalmente, cujo trabalho investiga a estrutura da imagem e a sua relação com a perceção. Atualmente, vive e trabalha em Paris, onde desenvolve uma prática artística que conjuga uma abordagem poética com uma rigorosa reflexão conceptual.  
 
Licenciada em Literatura Moderna pela Université Paris III – Sorbonne Nouvelle, Marques descobriu na fotografia uma nova gramática visual, tornando-a o centro da sua pesquisa artística. Influenciada pelo pensamento estruturalista, desenvolveu um percurso inovador, explorando a imagem como uma rede de constelações visuais que desafiam a sua materialidade e significado. Como refere:  
 
De certa forma, isso corresponde a um inventário das estruturas constitutivas da imagem, com o objetivo de entender o seu significado global.
 
Desde 1992, o seu trabalho tem sido amplamente exposto em instituições de referência, como o Musée André Malraux (Le Havre), o Centre d’Art du Domaine de Kerguéhennec e o Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisboa). Em 2015, a Fundação Calouste Gulbenkian apresentou Versailles - La Face Cachée du Soleil, um projeto fotográfico e videográfico realizado no Palácio de Versalhes durante o seu encerramento no inverno. Outro projeto de destaque foi La Force de Coriolis (Le Collier, Reims), uma exposição concebida para uma cave de uma prestigiada casa de champanhe, onde explorou os reflexos e a presença subtil de elementos naturais.  
 
Em 2011, foi distinguida com o Prémio Besphoto, e o seu trabalho foi apresentado no Museu Coleção Berardo, em Lisboa. Ao longo da sua carreira, tem sido amplamente estudada e analisada por críticos e historiadores de arte como Gilles A. Tiberghien, Michel Poivert, Sérgio Mah, Jacinto Lageira, Lisette Lagnado, Léa Bismuth e Emília Tavares. Várias monografias foram dedicadas à sua obra, publicadas pelas Éditions Marval e Loco Éditions, em Paris.  
 
Manuela Marques apresentou recentemente a exposição In the Night (14 de fevereiro a 20 de maio de 2024) no Saudi Arabia Museum of Contemporary Art (SAMoCA), em Riade, com curadoria de Géraldine Bloch. O seu trabalho integrou também a exposição Campagne-Première (junho a julho de 2024), em Revonnas, França, sob a curadoria de Fanny Robin. Entre setembro e outubro de 2024, participa no Festival Internacional de Arte Contemporânea Sète-Lisboa (SLA), primeiro em Sète, França (9 a 14 de setembro de 2024) e, posteriormente, em Lisboa, Portugal (a partir de 16 de outubro de 2024), com curadoria de Philippe Saulle.  
 
A obra de Manuela Marques integra diversas coleções de prestígio, tanto institucionais como privadas. Em Portugal, está representada na Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa e Paris), na Coleção de Arte Contemporânea do Estado, na Fundação Museu Coleção Berardo, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, na Fundação EDP, no Museu da Cidade de Lisboa, na Novo Banco Photography Collection e no Museu da Imagem (Braga). Em França, faz parte do Fonds national d’art contemporain (Paris), do FRAC Auvergne (Clermont-Ferrand), do FRAC Haute-Normandie, do Musée André Malraux (Le Havre), do Fonds départemental d’art contemporain de l’Essonne, do Ministère de l’Europe et des Affaires Étrangères, do Musée de La Roche-sur-Yon e da Coleção Agnès b. (Paris). A nível internacional, encontra-se representada no Banco Espírito Santo Investment (Brasil), no Instituto Camões (Paris), na Wedge Collection (Toronto, Canadá), na The Büyükkuşoğlu Collection (Bodrum, Turquia) e no Saudi Arabia Museum of Contemporary Art (SAMoCA) (Riade).  
 
Com um percurso em constante renovação, Manuela Marques afirma-se como uma das vozes mais singulares da fotografia contemporânea, explorando as tensões entre imagem, perceção e matéria.