Organizada pela KF em colaboração com a Embaixada de Portugal em Seul, a exposição "Portugal - Enchanted Loom" destaca o trabalho de três artistas portugueses, Bela Silva, Bruno Castro Santos e Jorge Nesbitt. Trabalhando extensivamente em desenho, os três artistas exploraram e experimentaram uma vasta gama de técnicas de composição e temas, estabelecendo diferentes estilos e ordens de pintura. No entanto, o que une o seu trabalho é uma reflexão sobre atitudes e tradições estéticas que fundem activamente a cultura tradicional do seu Portugal natal com a cultura visual de hoje.
A arte e a cultura portuguesas floresceram ao longo dos últimos séculos, com uma criativa mistura de elementos autóctones e exteriores. Este facto é reconhecido como um aspecto muito importante da arte portuguesa e um valor a transmitir. O título da exposição, "O Tear Encantado", toma emprestada uma frase importante do livro do neurocientista Charles S. Sherington, Man on His Nature (1940). Sherrington comparou certos momentos do cérebro humano durante o sono ao processo de tecer um belo tecido, que é o que a retórica de "The Enchanted Loom" refere. A frase de Shemington recorda-nos esses momentos mágicos em que a trama da tradição e a urdidura da novidade se entrelaçam repetidamente para tecer padrões e texturas únicas.
Esta exposição reúne o trabalho de três artistas cujas obras captam a intersecção entre elementos indígenas e exteriores da cultura portuguesa através da experiência de momentos mágicos. Quando as obras individuais de cada artista são apresentadas num único espaço e formam uma exposição unificada, o espectador é convidado a experimentar um momento de magia, um momento de êxtase.
Para Bela Silva, que combina a cerâmica com o desenho, as viagens à América do Sul e à Ásia têm sido uma importante inspiração para o seu processo de criação de deformidades em cerâmica. Os elementos de outros países que absorveu nas suas viagens são fundidos com a sua própria estética portuguesa, dando origem a novas formas escultóricas. Os seus desenhos, que expressam a alegria de viver de uma forma enérgica, caracterizam-se também pela sua própria técnica expressiva e sensibilidade contemporânea.
Os desenhos de Bruno Castro Santos são especiais, a começar pelo processo de preparação da escolha do papel. Sobre uma superfície cuidadosamente seleccionada, estabelece a estrutura geral dos seus trabalhos e aplica as suas próprias regras. Os resultados são experimentais, um esforço dialéctico de desenho que leva ao estabelecimento, variação e redefinição de regras. As obras de Bruno, que requerem uma atitude performativa, constroem linha após linha, camada após camada, oferecendo uma nova sensação de profundidade para além do plano bidimensional que é quase meditativa por natureza.
As obras em grande escala de Jorge Nesbitt utilizam uma técnica de impressão em bloco chamada linogravura. Têm um impacto visual especial não só devido ao seu tema, mas também devido à aplicação de técnicas clássicas de impressão. Ao longo das suas obras, as narrativas literárias e os temas históricos estão intimamente ligados e, no processo de expressão, são aplicadas as formas e técnicas da arte asiática, que sempre interessaram ao artista.
Através das obras destes três artistas, cada um com a sua personalidade distinta, esperamos transmitir e partilhar com o público coreano o encanto especial da arte e do desenho portugueses.
